Há tempos venho fazendo estudo de casos sobre a publicidade Argentina, e sobre o fator criativo que ronda essa área. Filmes recheados de enormes curtas, podem servir como uma forma de brincar de dar nota para cada histórinha, mas quando se há um ponto em comum, o olhar muda. Quando o ponto é fixo, você dificilmente distanciará o seu olhar. E é isso que ocorrerá em Relatos Selvagens. As histórias apesar de serem inusitadas e terem uma violência implícita em cena, faz cada personagem se tornar o caçador e a presa dos seus próprios instintos. Muitas vezes impensados e outras vezes tão politicamente incorretos que acabam comovendo qualquer drama para o converter em comédia. O conceito geral está na "perda de controle", seguindo essa ideia tudo se desencadeia subconscientemente em cada personagem, como se muitos deles estivessem num estado de nirvana as avessas.
A publicidade argentina é como esse filme, não vê limites para ligar reviravoltas de um modo que não pareça se preocupar com a opinião alheia. Relatos possui um roteiro inteligente, que não "infantiliza" o intelecto humano de quem o presencia. Ao contrário de muitas produções nacionais que procuram seguir a mesma linha, seja com o intuito de atrair crianças, ou seja com o mero desejo de usar a mesma carta (atores com uma imagem já estampada e dificilmente alterável), para supostamente não errarem nas bilheterias. O que faz o Brasil estar a uma passo atrás na cadeia alimentar cinematográfica (para encerrar o texto com uma analogia as cenas dos créditos iniciais do filme que são embaladas com dignidade pela trilha de um cara super gente fina que conheço desde 2008, Gustavo Santaolalla… Segue uma linha tipo "música tema de filme de faroeste" combinado com um sutil "tango").