Edição Especial: Act Duo Strap
Num filme em que há efeitos especiais realmente surpreendentes,
nos perguntamos: “Como será que tudo isso é feito? ”, os leigos apenas imaginam
a seguinte resposta: “Com programas avançados, é claro”. A vida pode não ser um
filme, mas pode ter uma estrutura muito além da cinematográfica para nos
conceder imagens inesquecíveis. E é como acontece no Cirque Du Soleil.
Como público você vê apenas uma parte da mágica, já que sem que você saiba há mais pelos bastidores. Seja com a atuação dos acrobatas, que tem que ser atores, assim como os palhaços e os carismáticos personagens principais do conto a ser retratado. E conhecer o “behind the scenes” da magia não acabou com a mágica para a minha surpresa, mas sim, me deixou extasiado com tamanha organização e sincronia entre os elementos usados em palco e os utilizadores dos mesmos. A equipe técnica de qualquer área do Cirque passa por treinos diariamente com os artistas, afinal não só a parte física e a execução de movimentos tem que estar bem treinados, como também todo o mecanismo que torna aquele número possível.
O Cirque mesmo viajando por aí, traz um programa de educação
para as crianças do Cirque, isso incluí os pequenos artistas e os filhos dos
artistas já crescidos, ou seja, há professores auxiliando nessa área no Cirque.
E por falar nisso, inclusive, os artistas passam por cursos que vão desde o
inglês a maquiagem, ou seja, workshops indispensáveis para a manutenção do
artista dentro do Cirque.
No setor gastronômico, tenho a dizer que as refeições são
produzidas em grandes quantidades e por Chefs especializados. Na edição carioca
de Corteo me esbarrei com dois Chefs, um Holandês e um Alemão, que contam com a
ajuda de mais três para suprir a demanda. E em ocasiões especiais, o prato
típico da nacionalidade de alguém do elenco, é selecionado para ganhar destaque
no cardápio do dia.

Todo o ambiente do entorno do palco é cercado por roupas e
utensílios precisos para os números. O caminho que passa por baixo das cadeiras
do público, fica iluminado por luzes laterais fixas no chão. E tudo fica tão
perto do público e ao mesmo tempo tão distante, afinal não podem deixar o
making of da magia amostra durante o espetáculo.
Durante o tour, conferi por um bom tempo o ensaio da
Florence e do Kaj, que fazem um dos números mais expressivos e poéticos de
Corteo, o Duo Strap. Traz poesia além das palavras, isto é, com gestos e
movimentos, que se comunicam. Onde o fio condutor são duas imensas faixas
suspensas. O número por trazer uma leveza e uma atuação que caminha para o
romantismo, atiça a minha visão sobre o Cirque, de que é um circo
romanticamente sensível. E é essa sensibilidade que nos toca e que os torna
grandiosos.
Para Kaj o Circo é mais completo, pois nele você tem um
interação diferente com o público e é obrigado a desenvolver talentos que
combinam atuação com exercícios físicos, atuações essas que incluem cantar e
passar uma certa emoção em seus números. A Florence que visivelmente ama também
ser parte da trupe de Corteo, iniciou sua carreira no CDS, após uma audição em
Paris. Ela que já fez La Nouba, disse que é possível fazer esse intercâmbio de
elenco entre shows do Cirque, mas para isso é preciso um novo teste para pegar
o papel.
Para a criação de qualquer número os artistas que estão
escalados para o ato, tem liberdade para ver o que funciona ou não para o
mesmo, e o que funcionar entra em ação sob os holofotes. Perguntei a eles qual
eles consideram mais difícil de executar, eles disseram que depende, pois tudo
tem uma técnica diferente, e o nível de dificuldade varia, mas que o poder de
tocar o público assim como o planejado, é a parte mais intensa para encontrar a
energia mais alta durante a performance. Eles ressaltaram que adoram realizar
qualquer número aéreo e que a atmosfera em cada país por qual passa o Corteo, é
diferente, a energia do lugar influencia.
Uma coisa que me chamou a atenção antes de trocar essa ideia
com eles, era o carinho deles pelo esporte Crossfit, esporte esse o qual ando
praticando recentemente. E entusiasmados eles falaram, que o esporte não é
obrigatório para as práticas circenses, mas que é um ótimo contribuidor para o
condicionamento físico. Os movimentos ajudam a manter a mente e o corpo bem
preparados para os momentos pré-show e para mantê-los fortes. O crossfit seria
de grande ajuda para o processo de aprendizado do corpo.
Adorei conversar com dois simpaticíssimos membros da equipe
de artistas de Corteo, que no total possui: 60 artistas de 19 países diferentes
e que se vestem durante o espetáculo com cerca de 260 peças de figurino. Não é
preciso ser do Cirque para ver que ser parte dele, é integrar uma experiência
multicultural fascinante e grandiosa.
Até breve,
Saudações circenses!