quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Coletiva Robocop

Muitos ficaram curiosos quando fora anunciado que sairia um Remake de Robocop pelas mãos de José Padilha, um dos diretores brasileiros mais aclamados e conhecidos mundialmente graças ao seu Tropa de Elite, que ganhou visibilidade e gerou um estrondoso sucesso. Com Robocop não foi diferente, no quesito fazer o que o Padilha acha que deve ser feito. Foi criado um filme que gira em torno de U$130 Milhões, mas que pode ser considerado um filme brasileiro, afinal não só o Padilha que ocupou a ficha técnica do filme, Daniel Rezende e o Lula Carvalho também. Segundo o Joel Kinnaman e o Michael Keaton, no set era assim, o diretor falava: "Você fica aqui, segue por ali, e vai até...", ou seja, tudo em português, e eles ficavam boiando. Fato este que seja brincando ou não fez parte do repertório descontraído da coletiva que durou mais de 1h.


O novo Robocop, considero como um dos filmes de ação mais lotados de um discurso plausível e interessantes do momento. Sinceramente, senti orgulho do Padilha. Só não deu para comprimenta-lo no dia da coletiva, mas aqui fica o meu "parabéns" para esse cara que conseguiu fazer o que queria fazer. Ao contrário do noticiado por muitos veículos. No início os principais atores não se mostraram entusiasmados em ingressar no remake, mas quando descobriram, quem dirigiria o filme, aceitaram no ato.


A natureza do personagem Robocop, possibilitou aplicar tal discurso, seja politizado ou não ao todo do filme. Em nenhum momento o conceito "Homem ou máquina, quem puxa o gatilho?", foi deixado de lado. Se fizesse o Robocop ganhando, o vilão protagonizado pelo Keaton ganharia, e foi esse peso e contra-peso que o personagem possui que fez o argumento ser melhor utilizado. O ponto de vista social é o que marca na direção do Padilha e isso é um diferencial, que clama pela atenção atores renomados, assim como o Keaton é.


Joel Kinnaman, um simpático sueco, e fã  desde criança do próprio personagem que interpretou e o Michael Keaton, estavam presentes também nessa passagem pelo Brasil. Eu não vi novamente o Robocop original (e muito menos o Michael Keaton, que viu apenas partes do filme), justamente para não ficar comparando com a proposta do que prometia ser um remake. E fui surpreendido positivamente pelo Padilha. "Não pedi para sair" do cinema em qualquer momento, o resultado do filme mostra exatamente o que eu vi no trailer: O levantamento do conceito "Quem puxa o gatilho, o homem ou a máquina", que em momento algum foi esquecido durante todo o seu todo, foi muito bem sustentado. Com relação a ação, as cenas ágeis não pareceram ficar tanto em segundo plano. Mas tudo no filme foi para sustentar o discurso e trazer uma narrativa sólida que acrescentasse algo a quem está assistindo. O novo Robocop é o primeiro blockbuster que pode ser considerado nosso. Padilha fez bem o nome dele em Hollywood.

O novo Robocop não tem pretensão de ganhar sequência, uma vez que o contrato assinado pelo Padilha não prevê outros filmes. O filme tem sim enfrentado uma boa bilheteria, o período de nevasca, o fato de ser início do ano e de ter estreado num dia dos namorados nos cinemas norte americano, contou para diminuir a bilheteria. Mas mesmo assim, estamos falando de um filme que merece ter destaque nas bilheterias do mundo todo. Não traz aquela sensação de filme vazio. A premissa dele foi além da estética "ficcional" criativa.


Keaton carismático chegou no seu compromisso pela manhã sorridente, e logo de cara sorriu para mim e pareceu empolgado por eu estar usando uma GoPro para registrar o momento, em seguida tirou uma foto minha, enquanto eu tirava fotos com uma mão e filmava com a GoPro na outra mão. Ele disse que até se o Padilha fizesse o filme "Debi e Loid" nós ficariamos pensativos e veríamos algo de interessante. Keaton brincou de estar segurando as palavras para não inflar o ego do diretor.


O mais interessante é que o projeto pareceu surgir do nada. O Padilha estava numa reunião com o pessoal da MGM, eles apresentaram alguns projetos, mas um que não estava dentro dos apresentados o interessou, e ele estava num pôster bem atrás dos executivos da empresa, e essa imagem era do Robocop. A idéia e a proposta veio desse momento, quando ele perguntou "O que vocês acham de eu fazer esse aqui?"


Fotos / Video: Rafael Leite