quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Relatos Selvagens



Exatamente um dia após eu voltar de Buenos Aires, eu confiro um filme argentino também estrelado pelo Ricardo Dárin (Digo isso porque o último filme dos vizinhos que conferi foi "Sétimo"... o qual também é estrelado pelo mesmo). Sétimo não me causou tanto impacto e trouxe uma visão nada satisfatória para saciar o meu apelo cinéfilo… Mas Relatos Selvagens… nos traz um ótimo instinto sensorial a cada cena.

Há tempos venho fazendo estudo de casos sobre a publicidade Argentina, e sobre o fator criativo que ronda essa área. Filmes recheados de enormes curtas, podem servir como uma forma de brincar de dar nota para cada histórinha, mas quando se há um ponto em comum, o olhar muda. Quando o ponto é fixo, você dificilmente distanciará o seu olhar. E é isso que ocorrerá em Relatos Selvagens. As histórias apesar de serem inusitadas e terem uma violência implícita em cena, faz cada personagem se tornar o caçador e a presa dos seus próprios instintos. Muitas vezes impensados e outras vezes tão politicamente incorretos que acabam comovendo qualquer drama para o converter em comédia. O conceito geral está na "perda de controle", seguindo essa ideia tudo se desencadeia subconscientemente em cada personagem, como se muitos deles estivessem num estado de nirvana as avessas.

A publicidade argentina é como esse filme, não vê limites para ligar reviravoltas de um modo que não pareça se preocupar com a opinião alheia. Relatos possui um roteiro inteligente, que não "infantiliza" o intelecto humano de quem o presencia. Ao contrário de muitas produções nacionais que procuram seguir a mesma linha, seja com o intuito de atrair crianças, ou seja com o mero desejo de usar a mesma carta (atores com uma imagem já estampada e dificilmente alterável), para supostamente não errarem nas bilheterias. O que faz o Brasil estar a uma passo atrás na cadeia alimentar cinematográfica (para encerrar o texto com uma analogia as cenas dos créditos iniciais do filme que são embaladas com dignidade pela trilha de um cara super gente fina que conheço desde 2008, Gustavo Santaolalla… Segue uma linha tipo "música tema de filme de faroeste" combinado com um sutil "tango").

domingo, 5 de outubro de 2014

Get On Up - James Brown

Get On Up, que no Festival do Rio está em cartaz como apenas James Brown, faz uma leitura superficial sobre o padrinho do Soul. Isso não significa que o filme passa longe dos passinhos didáticos que trazem a receita de um bom filme. Até traz, mas vamos dizer que eles preferiram trazer a essência do James Brown do que a própria história sobre o mesmo. Os problemas pessoais ficam resumidos a infância difícil e a personalidade extremamente complicada que isso trouxe a ele. 

A impressão que ficou, é que não quiseram desconstruir de um modo positivo a imagem desse personagem mais que marcante até os dias de hoje, afinal até hoje ele é um dos artistas mais sampleados.  O filme dirigido por Tate Taylor, mais conhecido pelo filme "Histórias Cruzadas", trouxe uma narrativa nada cansativa apesar das mais de duas horas de filme, apesar de ficar evidente que muitos passinhos faltaram entrar em cena. A música em si e a personalidade explosiva foram abordadas ininterruptamente do início ao fim. Tornando o que já era fascinante, ainda mais curioso. A narrativa as vezes utiliza do recurso direto para mostrar o estado do personagem, e promove por meio de analogias de imagens entre o passado e o presente, a angústia do mesmo, que passa boa parte do tempo despercebida.

Dos rostos conhecidos temos a presença de Dan Aykroyd, Viola Davis, e Nelsan Ellis que é bem conhecido entre os fãs de True Blood. Quanto ao interprete de James Brown, Chadwick Boseman, que também esteve como o personagem principal em "42: A Historia de Uma Lenda", reproduz bem os trejeitos do Mr.Brown. O fato do filme ter o Mick Jagger como produtor, pode trazer uma curiosidade maior. Vale a pena conferir apesar de não conter nenhum passinho excepcional.

Annabelle

Quando "Invocação do Mal" chamou a atenção das bilheterias do mundo todo, pouca gente imaginava que um filme de terror sobrenatural conseguisse fazer tanto sucesso. Foi aí que um nome ficou em grande destaque "James Wan", que criou Jogos Mortais e que esteve presente na continuação de Insidious. No próprio cinema, antes da sessão de Annabelle, vi gente comentando que como o James Wan não estava assinando a direção, o filme não deveria ser do mesmo nível do filme que acabou criando tal lançamento. Acontece que muitos devem se enganar quanto a isso, afinal o diretor John R. Leonetti, esteve junto com Mr.Wan nos projetos anteriores, e mostrou que conseguiu manter o clímax tenso do filme.

Os sustos, como já disseram antes ficam para os momentos não tão previsíveis, consegue fugir do clichê, mas acaba tendo que apelar. A boneca Annabelle, aparece numa história que antecederia o capítulo da enfermeira… Se lembram daquelas três mulheres falando sobre a Annabelle no começo do "A Invocação do Mal"? Se não lembram, aproveitem que está em cena na HBO (momento merchan gratuito).

A atriz principal, coincidentemente tem o mesmo nome, "Annabelle", sofre do início ao fim e esquece de mostrar o porquê de ter que pegar trauma de bonecas de porcelana antigas. Sim, esses itens que para alguns podem ser objeto de coleção, são assustadoras, não importa qual cara tenha. Vou acabar o texto aqui antes que eu acabe entregando os sustos.

Sétimo

Sétimo atrai mais pela presença de Ricardo Darín, do que pelo próprio filme. Desde "O Segredo de Seus Olhos" os personagens de Darín acabaram ficando super-valorizados. Não importa o diretor, se tem o Ricardo no filme deve ser bom. Foi nessa que acabei caindo na vontade de ver "Sétimo". 

O Darín interpreta um advogado, que está prestes a se divorciar, e que está cuidando de um caso com alta repercussão na mídia. No dia da tão esperada audiência, eis que os seus filhos desaparecem quase diante dos seus olhos. Num momento de desespero, o trabalho seria o último assunto que teria a sua atenção.

Como tenho uma mania estranha de fazer analogias com os filmes mais improváveis possíveis, vou classificar Septimo, como uma versão soft de "Gone Girl" (Garota Exemplar). Lógico que sem o lado grotesco e sem a similaridade contextual. 

Patxi Amezcua que assina a direção, traz um filme que tem como objeto um mistério que não atiça a curiosidade. Com interpretações exageradas e instáveis, que acaba não envolvendo o público. A trama pode parecer sofisticada até o momento que ela se revela, mas quando chega ao seu desfecho apenas uma pergunta aparece a quem está vendo: "Era preciso tudo isso mesmo?". Puro exagero.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Estréias 2 de Outubro - O Candidato Honesto / Gone Girl / Sem Pena

O Candidato Honesto

Vou ser honesto ao falar que quando vi que O Candidato Honesto entraria em cartaz, fiquei com muito receio de não curtir. Falo isso porque foi muito difícil ver a comédia extremamente forçada de Vestido Para Casar. Para a minha satisfação não movida ao acaso, o filme fez um bom comício e conseguiu demonstrar que merece um voto de confiança.


Pode até ser uma cópia brasileira e nada politizada de "O Mentiroso" estrelado por Jim Carrey, mas mesmo assim não podemos de eleger o filme como uma comédia recheada por um humor menos contido. Leandro deixou claro a homenagem que ele quis fazer ao Jim Carrey 


A coletiva do filme teve a tradicional momentos cômicos do Hassun, e contou com a presença do diretor e do roteirista do filme. No encontro foram discutidos assunto como as locações, o processo de filmagem, desafios da produção, e como se chegou ao conceito do filme. Até já deram sinal em ter interesse em uma possível sequência! 



Gone Girl - Garota Exemplar

O longa que conta com a presença do novo Batman, ou seja, Ben Affleck, tem uma cadência típica de David Fincher, com elementos capazes de fazer qualquer filme dele parecer um jogo de detetive em aberto e evidente. A única diferença é que a história tenta se elucidar de forma rápida para fazer o público trazer um comportamento boquiaberto frente ao que está vendo.


 O filme é divido em quatro partes (que não vou descrever para não fazer spoiler), e além de ter uma atuação do Bat-Queixo (sim, o queixo do Ben Affleck atua no filme), cada elemento se torna importante para sanar a curiosidade do público sobre a personalidade psicopata do criminoso ou criminosa (como eu disse… nada de Spoiler) .


O filme conta com a trilha de Trent Reznor, que trouxe uma sonoridade bem de acordo com o contexto. O integrante do NIN nunca faz mistério quando o assunto é narrar com qualidade por meio da música. 



Sem Pena


Filósofos um dia se perguntaram "O Que é Justiça?". O que é justiça para uns não é para outros, a justiça é algo pessoal, e que muitas vezes age sem pena. O sistema carcerário brasileiro está longe de se aproximar do sistema carcerário Sueco e de alguns países asiáticos que incentivam seus prisioneiros a trabalhar para ter o próprio sustento, ou que incentivam a participar de algum programa cultural / artístico entre eles, como a dança. [Text incomplete]