sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

RIO MUSIC CONFERENCE 2014 encerra painéis e workshops focando no futuro da música eletrônica

O futuro da música eletrônica, o mercado de entretenimento, Economia Criativa e seus desafios foram alguns dos temas abordados no dia 21, no último dia de debates do Rio Music Conference, realizado no Hotel Pestana, em Copacabana. Nos três dias de encontro, os participantes puderam desfrutar de demonstrações ao vivo, dialogar com grandes nomes nacionais e internacionais do ramo, além de ampliar a rede de contatos.

O circuito de palestras entre cinco espaços foi dinâmico, começando pela manhã com bate-papo técnico e apresentações dos equipamentos mais modernos do mercado de música eletrônica. Contou, também, com a apresentação do duo Addictive TV, do Reino Unido, pioneiros em fazer remix usando imagem e áudio de grandes blockbusters do cinema. 

Quem queria aprender mais sobre as novas possibilidades do ramo conferiu palestras como "Transmissões ao vivo: jogada de mestre ou tiro no pé?", "A velocidade da informação" e "Fact: Como transformar sua festa em um importante núcleo de eventos ao redor do mundo", entre outras. À tarde, um dos debates reuniu o superindentente do SindRio (Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio), Darcílio Junqueira; o Secretário Municipal de Ordem Pública, Alex Costa, o Ten. Cel. Raphael Gonçalves, representante do Corpo de Bombeiros, e Arnaldo de Merian, sócio-fundador da casa 00, com o tema "Diversão no Rio: Quais os desafios para o setor que oferece o que o Rio 'diz' ter de melhor", mediado por Léo Feijó, coordenador do Fórum Economia da Noite. Os participantes reconheceram que um dos grandes entraves à legalização dos estabelecimentos da cidade é a legislação de zoneamento urbano, que está obsoleta e precisa ser revista.

Outro dos debates mais disputados foi "Multifrequência: criatividade e novas ideias", que reuniu mentes criativas - como Chico Dub (Novas Frequências) e Guilherme Velho (Rio Criativo) - que falaram sobre inovação na maneira de fazer música e promover eventos. Em outra sala, diretores de grandes redes de entretenimento debateram a inserção e a evolução do gênero musical em festivais como Rock In Rio e Lollapalooza na mesa "Música Eletrônica: do nicho para o show business".

Após os três dias de conferência no Hotel Pestana, por onde passaram mais de 900 pessoas, se inicia agora o festival de encerramento do Rio Music Conference 2014, na Marina da Glória. Nesta sexta o festival continua por todas as noites do carnaval, trazendo nomes como Dimitri Vegas & Like Mike, Fatboy Slim e Armin van Buuren.

No último sábado a Marina da Glória teve um interessante line-up, iniciando com Bernardo Novaes, Dirty Loud, Kalm Kaos e Steve Aoki, como a estrela da noite. O Aoki, por sua vez, contou com uma apresentação dinâmica e com as diversas peripécias do DJ norte-americano: bolos atirados em direção ao público, passeio de bote inflável por cima da multidão, coro de música enrolado com a bandeira brasileira e muitos mais. Elementos típicos que marcam todas as suas apresentações.


Divulgação: RMC

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

12 Years a Slave

No livro vital,
Muitas feridas ficam abertas,
Outras se fecham,
Algumas cicatrizam,
Poucas se esquecem.

12 é um número...
Anos são um espaço...
Se na história do planeta Terra...
Correspondemos apenas a 3 segundos...
Caso o mundo tivesse 1 dia...
Podemos ter na humanidade infinitas decepções...
Que podem durar mais que minutos...
Já que marcas ficam.

Se numa história há aquele que não sabe ser humano,
Há aquele que sofre a opressão,
Seres pensantes sendo objetos de outros pensativos,
É decorar a natureza desumana,
É encontrar no labirinto da consciência nada humana a falta de ciência,
É a perda de uma essência,

No que conforta encontramos a paz,
No que salva o bem que traz,
Na solução o que satisfaz,
No bem ao outro o lado sagaz,
Na liberdade uma peça necessária que quando vem a mais nunca é demais...

12 Anos de Escravidão do Steve McQueen, é um dos concorrentes prediletos ao Oscar, mas pode causar um certo sentimento de desconforto, inquietude e tristeza. Só de saber que pessoas já foram submetidas a condições degradantes como as exibidas no filme, nos atinge emocionalmente. É um filme que mostra uma parte da história que jamais deveria ter existido. Mas é um filme que ganha pela técnica, e pela fidelidade a sétima arte.

Coletiva Robocop

Muitos ficaram curiosos quando fora anunciado que sairia um Remake de Robocop pelas mãos de José Padilha, um dos diretores brasileiros mais aclamados e conhecidos mundialmente graças ao seu Tropa de Elite, que ganhou visibilidade e gerou um estrondoso sucesso. Com Robocop não foi diferente, no quesito fazer o que o Padilha acha que deve ser feito. Foi criado um filme que gira em torno de U$130 Milhões, mas que pode ser considerado um filme brasileiro, afinal não só o Padilha que ocupou a ficha técnica do filme, Daniel Rezende e o Lula Carvalho também. Segundo o Joel Kinnaman e o Michael Keaton, no set era assim, o diretor falava: "Você fica aqui, segue por ali, e vai até...", ou seja, tudo em português, e eles ficavam boiando. Fato este que seja brincando ou não fez parte do repertório descontraído da coletiva que durou mais de 1h.


O novo Robocop, considero como um dos filmes de ação mais lotados de um discurso plausível e interessantes do momento. Sinceramente, senti orgulho do Padilha. Só não deu para comprimenta-lo no dia da coletiva, mas aqui fica o meu "parabéns" para esse cara que conseguiu fazer o que queria fazer. Ao contrário do noticiado por muitos veículos. No início os principais atores não se mostraram entusiasmados em ingressar no remake, mas quando descobriram, quem dirigiria o filme, aceitaram no ato.


A natureza do personagem Robocop, possibilitou aplicar tal discurso, seja politizado ou não ao todo do filme. Em nenhum momento o conceito "Homem ou máquina, quem puxa o gatilho?", foi deixado de lado. Se fizesse o Robocop ganhando, o vilão protagonizado pelo Keaton ganharia, e foi esse peso e contra-peso que o personagem possui que fez o argumento ser melhor utilizado. O ponto de vista social é o que marca na direção do Padilha e isso é um diferencial, que clama pela atenção atores renomados, assim como o Keaton é.


Joel Kinnaman, um simpático sueco, e fã  desde criança do próprio personagem que interpretou e o Michael Keaton, estavam presentes também nessa passagem pelo Brasil. Eu não vi novamente o Robocop original (e muito menos o Michael Keaton, que viu apenas partes do filme), justamente para não ficar comparando com a proposta do que prometia ser um remake. E fui surpreendido positivamente pelo Padilha. "Não pedi para sair" do cinema em qualquer momento, o resultado do filme mostra exatamente o que eu vi no trailer: O levantamento do conceito "Quem puxa o gatilho, o homem ou a máquina", que em momento algum foi esquecido durante todo o seu todo, foi muito bem sustentado. Com relação a ação, as cenas ágeis não pareceram ficar tanto em segundo plano. Mas tudo no filme foi para sustentar o discurso e trazer uma narrativa sólida que acrescentasse algo a quem está assistindo. O novo Robocop é o primeiro blockbuster que pode ser considerado nosso. Padilha fez bem o nome dele em Hollywood.

O novo Robocop não tem pretensão de ganhar sequência, uma vez que o contrato assinado pelo Padilha não prevê outros filmes. O filme tem sim enfrentado uma boa bilheteria, o período de nevasca, o fato de ser início do ano e de ter estreado num dia dos namorados nos cinemas norte americano, contou para diminuir a bilheteria. Mas mesmo assim, estamos falando de um filme que merece ter destaque nas bilheterias do mundo todo. Não traz aquela sensação de filme vazio. A premissa dele foi além da estética "ficcional" criativa.


Keaton carismático chegou no seu compromisso pela manhã sorridente, e logo de cara sorriu para mim e pareceu empolgado por eu estar usando uma GoPro para registrar o momento, em seguida tirou uma foto minha, enquanto eu tirava fotos com uma mão e filmava com a GoPro na outra mão. Ele disse que até se o Padilha fizesse o filme "Debi e Loid" nós ficariamos pensativos e veríamos algo de interessante. Keaton brincou de estar segurando as palavras para não inflar o ego do diretor.


O mais interessante é que o projeto pareceu surgir do nada. O Padilha estava numa reunião com o pessoal da MGM, eles apresentaram alguns projetos, mas um que não estava dentro dos apresentados o interessou, e ele estava num pôster bem atrás dos executivos da empresa, e essa imagem era do Robocop. A idéia e a proposta veio desse momento, quando ele perguntou "O que vocês acham de eu fazer esse aqui?"


Fotos / Video: Rafael Leite

RIO MUSIC CONFERENCE 2014 abre com premiação e debates sobre patrocínio, festas, clubes e marketing



Foi aberta ontem, no Hotel Pestana, em Copacabana, a sexta edição do Rio Music Conference (RMC) – maior encontro de música eletrônica e entretenimento da América Latina. Além dos primeiros painéis, ontem foram conhecidos os vencedores do III Prêmio RMC e lançado o Anuário de Mercado 2014, que traz análises e números de movimentação financeira da área referente a 2013. A conferência seguirá no local até o dia 21, sexta, com mais de 70 convidados nacionais e internacionais debatendo todos os aspectos da cena eletrônica e entretenimento.

Na primeira mesa da conferência, promoters, RPs e produtores conversaram sobre o trabalho de relação públicas de eventos. Com a participação de Pollyana Simões, Leonardo Marçal, Pamela Cancela e Diógenes Queiroz e mediação de Bruna Calegari, os participantes falaram sobre o perfil para este tipo de profissional, a seleção de convidados para eventos e as dificuldades do dia a dia do RP. Em seguida, o público acompanhou o painel “Fusion Energy Drink e Skol Beats dividem os bastidores da parceria com a música eletrônica”, onde representantes das marcas falaram sobre o envolvimento com a música eletrônica e a dupla de DJs Felguk (Felipe Lozinsky e Gustavo Rozentahl) comentaram a relação entre patrocínio e a produção artística.

Na terceira mesa, um time de primeira linha debateu a relação entre clubs, festas e festivais no país. Doremi Caramoni Junior (Grupo All- Florianópolis), Du Serena (Tribe-SP), Cabbet Araújo (Fosfobox-La Paz-RJ), Octavio Fagundes (Privilege-Buzios e JF) e Eduardo Philips (Green Valley-SC) com a medição de Rodrigo Vieira, analisaram para o público a relação entre os três formatos de evento, a sinergia que existe entre eles e os desafios de cada tipo de produção.
 
Ainda durante a tarde, foi realizada no Hotel Pestana, pela primeira vez na América Latina, uma reunião da AFEM – Association for Electronic Music, entidade que reúne os principais nomes desta indústria.

No início da noite, foi aberta a cerimônia de entrega do III Prêmio RMC. Claudio da Rocha Miranda Filho, fundador e diretor-executivo do Rio Music Conference, deu boas vindas aos participantes da sexta edição do Rio Music Conference e ressaltou algumas conquistas do RMC este ano, como as importantes alianças internacionais firmadas, o fortalecimento dos encontros regionais realizados ao longo do ano e o lançamento do Club Week Rio, em que 32 casas noturnas da cidade, dos mais diversos perfis, se uniram durante os 14 dias do encontro. “O anfitrião deste evento é a cidade do Rio”, destacou Claudio.

Gabriel Bichara, especialista em desenvolvimento econômico da Firjan, ressaltou que um dos benefícios da economia criativa é o de mobilizar a cidade toda, e reconheceu que o setor enfrenta vários desafios, como o excesso de burocracia. Ele declarou que iniciativas como o RMC são fundamentais para o fortalecimento da área.  Sobre a música eletrônica especificamente, ele revelou dados de uma pesquisa recente da prefeitura do Rio que mostram que, entre os cariocas entre 16 e 24 anos, a música eletrônica já é o gênero preferido de 11% dos entrevistados, um desempenho muito próximo do samba, um clássico carioca, apontado como gênero preferido para 14% dos entrevistados desta faixa etária.     

Claudia Pedroso, representando a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, parabenizou a iniciativa do RMC. “É com muita satisfação que o Rio recebe este acontecimento do mercado da música”, disse Claudia, que falou sobre a vocação turística e cultural da cidade e relatou que a prefeitura investiu, no ano de 2103, 270 milhões de reais em 16 mil atividades culturais de diferentes áreas - sendo 27 milhões destinados à música.

O momento mais esperado da noite foi a entrega do III Prêmio RMC aos destaques do ano, eleitos pelos embaixadores do RMC (profissionais de renome no setor em todo o país, que votam nas 17 categorias do prêmio). Confira abaixo os vencedores:

Fotógrafo: Patrick Gomes
Produtor: Gui Boratto
Track: Elekfantz – “Diggin’ on you
DJ: Renato Ratier
DJ revelação: Ney Faustini
Live Act: Elekfantz
VJ: Toshiro
Tour internacional: Solomun
Club até 1000 pessoas: D-Edge
Superclub (mais de 1000 pessoas): Warung
Agência de artistas: 24bit
Veículo especializado em música eletrônica: House Mag
Jornalista especializado: Sarah Kern
Festival de Música Eletrônica: Universo Paralello
Escola/curso para DJ: AIMEC – Academia Internacional de Música Eletrônica
Agência de eventos de música eletrônica: GV Eventos
Personalidade do ano: DJ Marky

O primeiro dia da sexta edição do Rio Music Conference se encerrou com o lançamento do Anuário 2014, na cobertura do Hotel Pestana, com um incrível visual do Rio de Janeiro. E até o dia 21, sexta-feira, acontecem atividades em cinco espaços simultâneos do hotel durante toda a tarde e início da noite.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Star Wars sempre na moda

Na última terça-feira, dia 12 de fevereiro na passarela do Fashion Week AW14/15 em Nova York, a Rodarte apresentou a coleção de vestidos inspirada em Star Wars. “Nós integramos fotogramas da saga Star Wars nas estampas das sedas de nossos vestidos de festa da coleção Outono 2013. Estas imagens nos impactaram muito como jovens e mulheres adultas, na construção de nossas preferências estéticas, bem como em nossa conexão com a narrativa, a arte, o cinema, a inovação e a criatividade”, declararam as estilistas da marca, Kate e Laura Mulleavy”.






(Rodarte’s) Black Silk Velvet and Silk Charmeuse Printed Death Star Gown with Swarovski Crystals



(Rodarte’s) Luke Skywalker on Tatooine Printed Silk Charmeuse Gown with Beige Silk Chiffon Embroidered in Swarovski Crystals




(Rodarte’s) Black Silk Velvet and Silk Charmeuse Printed Twin Suns of Tatooine Gown with Swarovski Crystals




(Rodarte’s) C-3PO and R2-D2 on Tatooine Printed Silk Charmeuse Gown with Dusty Blue Silk Chiffon Embroidered in Swarovski Crystals





(Rodarte’s) Yoda on Dagobah Printed Silk Charmeuse Gown with Black Silk Chiffon Embroidered in Swarovski Crystals



  Rodarte’s FW14 Printed and Embroidered Star Wars Saga Gowns

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Momentos de Reflexão para "Ela"

O ELA do filme ELA, não se resume na voz da Scarlett Johansson, mas sim no lado nada intenso e distante de uma sociedade robotizada pelo medo, pelo receio, pela angustia. Onde o romantismo pode figurar como carência dos despreparados, e como aprendizado para aqueles que acham que já vieram pré-programados. Não falo da visão negativa dos relacionamentos, estou falando apenas que "Ela" é a vida dos relacionamentos de hoje. 

O amor pode saber até mais que qualquer um dos maiores filósofos que um dia já se fez presente, e que já colocou em cada pensamento, um corpo e em cada reflexão um rosto. Filósofos se perguntam "o que é o amor?", assim "o que é vida e o que é justiça?", uns falariam que seria uma invenção intervencionista da natureza, outros diriam, "uma necessidade humana para seguir uma linha Darwiniana", e alguns diriam simplesmente "um estado de espírito"... já outra parte, envolvendo os mais céticos diria que "é uma inteligência artificial gerada por um casal". Mas uma voz sempre dita o que fazer, seria essa a voz do coração que tanto falam? 


Num relacionamento há interesses, mas não pode haver pessoas interesseiras. Interesses esses que se resumem na busca por dados, onde inúmeras palavras em formas de sentimentos podem ser encontradas em frações de segundos, ligando simples abraços ao desejo carnal e cartas faladas ao puramente emocional. As palavras podem até estar por aí e não ser criação sua, mas a sua formação e a ordem na qual ela é colocada junto a outras, a faz ser sua. E esse deve ser o único lado possessivo frente a uma liberdade necessária para qualquer sistema.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Cirque Du Soleil - Corteo – A arte além da lona


Edição Especial: Act Duo Strap

Num filme em que há efeitos especiais realmente surpreendentes, nos perguntamos: “Como será que tudo isso é feito? ”, os leigos apenas imaginam a seguinte resposta: “Com programas avançados, é claro”. A vida pode não ser um filme, mas pode ter uma estrutura muito além da cinematográfica para nos conceder imagens inesquecíveis. E é como acontece no Cirque Du Soleil.


Como público você vê apenas uma parte da mágica, já que sem que você saiba há mais pelos bastidores. Seja com a atuação dos acrobatas, que tem que ser atores, assim como os palhaços e os carismáticos personagens principais do conto a ser retratado. E conhecer o “behind the scenes” da magia não acabou com a mágica para a minha surpresa, mas sim, me deixou extasiado com tamanha organização e sincronia entre os elementos usados em palco e os utilizadores dos mesmos. A equipe técnica de qualquer área do Cirque passa por treinos diariamente com os artistas, afinal não só a parte física e a execução de movimentos tem que estar bem treinados, como também todo o mecanismo que torna aquele número possível.


Cheguei na Marina da Glória, ligeiramente exausto pelo calor que anda fazendo no Rio,  mas empolgado para conversar com os artistas em foco do Duo Strap, Kanukai Jackson e Florance Tabary (que pela primeira vez estariam dando uma entrevista no Rio), e para conferir os bastidores de mais um dos inúmeros shows do Cirque Du Soleil que já conferi pelo mundo afora. Atualmente há 19 shows pelo mundo, alguns fixos, e outros em turnê por aí. E nesses espetáculos, podemos encontrar facilmente números rotativos, ou seja, se você for ver o mesmo show mais de uma vez, você provavelmente poderá ser surpreendido por um ato não visto anteriormente.


O Cirque mesmo viajando por aí, traz um programa de educação para as crianças do Cirque, isso incluí os pequenos artistas e os filhos dos artistas já crescidos, ou seja, há professores auxiliando nessa área no Cirque. E por falar nisso, inclusive, os artistas passam por cursos que vão desde o inglês a maquiagem, ou seja, workshops indispensáveis para a manutenção do artista dentro do Cirque.
 
No setor gastronômico, tenho a dizer que as refeições são produzidas em grandes quantidades e por Chefs especializados. Na edição carioca de Corteo me esbarrei com dois Chefs, um Holandês e um Alemão, que contam com a ajuda de mais três para suprir a demanda. E em ocasiões especiais, o prato típico da nacionalidade de alguém do elenco, é selecionado para ganhar destaque no cardápio do dia.

Logo na entradada tenda dos artistas me deparei com máquinas de lavar e na porta a frente o caminho para uma área de treinamento que compartilhava seu imenso espaço, com o camarim dos artistas (que era a única parte cercada dentro do espaço aberto), e com uma área de costura / closet aberto (As fantasias são confeccionadas no Canada). Mais adiante, entrando numa nova área, dividida por um pequeno corredor, encontrei mais artefatos de cena, incluindo os balões da Valentina e os copos utilizados no número musical. Tudo é tão minuciosamente preparado diariamente, antes de cada sessão, e fica evidente ao bater os olhos nos bastidores dessa magia. É facilmente perceptível pela organização e disposição dos objetos utilizados no palco pelo ambiente. Quando entrei nesse segundo espaço da tenda dos artistas, estavam verificando o som que sairia dos copos do número Crystal Glasses and Tibetan Bowls e os deixando na medida certa para o efeito sonoro esperado. Logo mais a frente, já na entrada do entorno do palco que possuí 360° um dos lustres gigantes utilizados, já engatado para entrar em cena, assim que acionado. Todos os mecanismos e elementos de cena são posicionados de forma que tenha fácil e rápido acesso assim que eles são necessários. A área do backstage do Corteo é superior a das outras edições que já passaram pelo Brasil, justamente por ter mais objetos de cena. O espaço entre o palco e o chão tem cerca de 1m, o que é surpreendente, pois para algum artista parar no centro do palco sem que ninguém veja é necessário uma espécie de carrinho que o encaminha deitado até lá.

Todo o ambiente do entorno do palco é cercado por roupas e utensílios precisos para os números. O caminho que passa por baixo das cadeiras do público, fica iluminado por luzes laterais fixas no chão. E tudo fica tão perto do público e ao mesmo tempo tão distante, afinal não podem deixar o making of da magia amostra durante o espetáculo.

Durante o tour, conferi por um bom tempo o ensaio da Florence e do Kaj, que fazem um dos números mais expressivos e poéticos de Corteo, o Duo Strap. Traz poesia além das palavras, isto é, com gestos e movimentos, que se comunicam. Onde o fio condutor são duas imensas faixas suspensas. O número por trazer uma leveza e uma atuação que caminha para o romantismo, atiça a minha visão sobre o Cirque, de que é um circo romanticamente sensível. E é essa sensibilidade que nos toca e que os torna grandiosos.

Tive um breve bate-papo com a Florence Tabary (França) e com o Kanukai Jackson (Inglaterra). A Florence, começou no mundo do Circo aos 11 anos, na França. Seu irmão a inscreveu e desde então continua nessa mágica atmosfera. E o britânico Kaj acabou sendo encaminhado a esse mundo circense graças ao seu desempenho como ginasta que teve início em 1999, onde seu desempenho o levou a ser campeão europeu na sua área. Após ele ser convidado a se juntar ao Cirque Du Soleil ele se aposentou como atleta, mas não como ginasta, afinal suas acrobacias no circo continuam encantando muita gente.

Para Kaj o Circo é mais completo, pois nele você tem um interação diferente com o público e é obrigado a desenvolver talentos que combinam atuação com exercícios físicos, atuações essas que incluem cantar e passar uma certa emoção em seus números. A Florence que visivelmente ama também ser parte da trupe de Corteo, iniciou sua carreira no CDS, após uma audição em Paris. Ela que já fez La Nouba, disse que é possível fazer esse intercâmbio de elenco entre shows do Cirque, mas para isso é preciso um novo teste para pegar o papel.

Para a criação de qualquer número os artistas que estão escalados para o ato, tem liberdade para ver o que funciona ou não para o mesmo, e o que funcionar entra em ação sob os holofotes. Perguntei a eles qual eles consideram mais difícil de executar, eles disseram que depende, pois tudo tem uma técnica diferente, e o nível de dificuldade varia, mas que o poder de tocar o público assim como o planejado, é a parte mais intensa para encontrar a energia mais alta durante a performance. Eles ressaltaram que adoram realizar qualquer número aéreo e que a atmosfera em cada país por qual passa o Corteo, é diferente, a energia do lugar influencia.

Uma coisa que me chamou a atenção antes de trocar essa ideia com eles, era o carinho deles pelo esporte Crossfit, esporte esse o qual ando praticando recentemente. E entusiasmados eles falaram, que o esporte não é obrigatório para as práticas circenses, mas que é um ótimo contribuidor para o condicionamento físico. Os movimentos ajudam a manter a mente e o corpo bem preparados para os momentos pré-show e para mantê-los fortes. O crossfit seria de grande ajuda para o processo de aprendizado do corpo.

Adorei conversar com dois simpaticíssimos membros da equipe de artistas de Corteo, que no total possui: 60 artistas de 19 países diferentes e que se vestem durante o espetáculo com cerca de 260 peças de figurino. Não é preciso ser do Cirque para ver que ser parte dele, é integrar uma experiência multicultural fascinante e grandiosa.
                                                                                      
Até breve,

Saudações circenses!