terça-feira, 17 de março de 2015

Ringo no ringue

Muitos dizem que ele é um dos Beatles menos carismáticos, outros salientam que mesmo assim ele foi inovador, alguns falam que seu jeito de tocar a batera influenciou muitos outros, e uma passagem de Boyhood versa que os quatro de Liverpool jamais funcionariam sozinhos quando o assunto eram The Beatles, por isso tudo que eles passassem a fazer na carreira solo soaria com uma identidade única. Um dava a deixa para o outro e os instrumentos se entrosavam, o quê de sinergia entrava na batida e na cadência correta a tempo.

Ringo pode ser visto como o não tão importante membro dos The Beatles, talvez porque ele não fazia parte da formação original, ou pode ser graças ao seu fraco poder de escolha no grupo, mas todos os outros membros da banda sabiam que ele seria o baterista definitivo graças ao seu jeito pacifico e ao seu poder de tornar o encontro entre eles (os quatro) mais harmônico. O show do Ringo pode não ter o peso do Paul McCartney, mas o que vi ontem, foi um cara realmente animado por continuar na estrada e com uma banda realmente competente. Sua All Starr Band é eficaz e formada por músicos que sabem se entender. Todos sem exceção num show do Ringo tem a chance de ser mais uma estrela no palco.

Os sinais de paz e amor que estampavam não só a camisa do Ringo como também os movimentos manuais dos presentes, se tornaram a marca registrada de sua performance. Sua voz pode não ser das melhores, mas muitas músicas dos Beatles parecem ter sido feitas para a sua voz e marcação nos tambores. A noite não foi preenchida por uma constelação de sucessos dos quatro de Liverpool, mas sim por outros sucessos que adentram o Rock e sua vertente progressiva, partindo para o avant-garde. Os fãs de Beatles podem ter saído frustrados com o set list, mas os amantes do gênero saíram satisfeitos com o trejeito eclético que o palco obteve.

As performances de clássicos do Santana também entraram em cena, já que um dos integrantes da ASB atual, tocou na fase clássica do guitarrista. Arrepiando a muitos que por lá marcavam presença, o que me incluí, já que desde os 11 anos, sou adepto da sonoridade latina das guitarras de um dos mexicanos mais conhecidos do cenário musical. Não é a toa que sempre escolho alguma música que teve o som da guitarra dele ao fundo para começar partindo em qualquer karaokê session (estou com mais sentimentos saudosos do meu querido Mauerpark).

Voltando ao cara que era o elo dos quatro caras que algum dia atravessaram a Abbey Road com estilo… em resumo foi um show sem defeitos, musicalmente bem sucedido, e que poucos entenderiam sua fusão musical em forma de apresentação. 

E como acima citei o Boyhood… Vale a pena conferir a coletânea que mostra a natureza sonora da lendária banda que o ator Ethan Hawke fez originalmente para a sua filha (vide carta que pode ser lida aqui:  http://www.buzzfeed.com/ethanhawke/boyhood-the-black-album… )

The Black Album - The Beatles:

Ou pode dar uma conferida integralmente por aqui:
http://rd.io/x/Rl7MUGwvyg1f/